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Pesquisa brasileira aponta que pessoas que consomem mais alimentos ultraprocessados têm um maior declínio cognitivo

Não é de hoje que os profissionais de saúde vêm nos alertando sobre o quanto é prejudicial consumir alimentos ultraprocessados, porém esse fato fica cada dia mais palpável. Pesquisadores brasileiros acabam de encontrar evidências de que consumir alimentos ultraprocessados aumenta o declínio cognitivo.

O que são alimentos ultraprocessados?

Os ultraprocessados são alimentos produzidos pela indústria, eles geralmente contém uma quantidade maior de ingredientes e calorias, contendo muito mais açúcares, gorduras, sal, realçadores de sabor, aditivos químicos como estabilizantes e conservantes, entre outros.

E por motivos óbvios não são aliados da nossa saúde, causando diversos problemas de saúde e consequentemente de desempenho. E é claro que eles são mais palatáveis e práticos, afinal são feitos pra isso.

Alguns exemplos de ultraprocessados são: cereais matinais, biscoitos, salgadinhos, achocolatados, temperos (caldos sabor carne, galinha…), salsichas, nuggets, macarrão instantâneo, refrigerantes, pão de forma, macarrão, entre outros.

Mas o que exatamente diz a Pesquisa?

Vários estudos já haviam constatado prejuízos causados pelo consumo constante de ultraprocessados como: diminuição na expectativa de vida, problemas cardíacos e circulatórios e maior chance de desenvolver obesidade, diabetes e outras doenças metabólicas.

Os dados da pesquisa apresentados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer que ocorreu em San Diego nos EUA nos dias 31/07/2022 a 04/08/2022, indicam que uma maior porcentagem de ultraprocessados na alimentação está associado a um maior declínio cognitivo.

Os resultados apresentados fazem parte de um grande estudo epidemiológico brasileiro o ELSA-Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto), realizado desde 2008 por instituições de renome como: Fiocruz, USP, UFBA, UFES, UFRGS e UFMG.

O levantamento em questão que deu origem ao artigo: “Higher consumption of ultra-processed foods is related to cognitive decline in the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil) (que em livre tradução seria: “Maior consumo de alimentos ultraprocessados está relacionado ao declínio cognitivo no Elsa”), foi feito pela pesquisadora Natália Gonçalves e contou com a colaboração do professor Carlos Augusto Monteiro coordenador do Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde) da FSP (Faculdade de Saúde Pública) e sua equipe de pesquisa.

Além disso tem como coautores os pesquisadores da faculdade de Medicina da Usp: Claudia Kimie Suemoto, Naomi Vidal Ferreira e Renata Bertazzi Levy; os pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP: Euridice Martinez Steele, Neha Khandpur e Dirce M. Marchioni; os pesquisadores do Hospital Universitário da USP: Isabela Judith Martins Bensenor e Paulo Andrade Lotufo; e também o pesquisador da UFMG Paulo Caramelli e a pesquisadora da UFBA Sheila Maria Alvim de Matos.

Os dados foram coletados em três períodos do ELSA, num intervalo de 10 anos, entre 2008 e 2010, 2012 e 2014 e de 2017 a 2018. As informações utilizadas são de um grupo de 10.775 pessoas e um pouco mais da metade desses indivíduos eram mulheres, brancas ou com nível superior, e a idade média era de 51 anos.

Os participantes da pesquisa foram divididos em quatro grupos de acordo com a porcentagem do consumo de ultraprocessados na alimentação. Através disso os pesquisadores chegaram a conclusão de que os indivíduos que consomem mais alimentos dessa categoria, uma porcentagem maior que 20% da alimentação diária, têm um declínio cognitivo 28% maior, quando comparados aos que as que consomem menos de 20%.

A realidade do consumo de alimentos ultraprocessados pelos brasileiros

Se for parar pra pensar 20% nem é um número tão grande. Afinal a maioria de nós tem o hábito de consumir ao menos um alimento processado por dia, pra dizer no mínimo, o que já deve corresponder aos 20% ou mais.

Infelizmente no Brasil segundo a coautora Claudia Kimie Suemoto os alimentos ultraprocessados ​​representam de 25% a 30% do total de calorias ingeridas. Por isso o estudo serve para nos fazer refletir sobre nossa alimentação e repensar os hábitos alimentares.

É preciso comer mais comida de verdade, alimentos preparados por nossas mãos a partir de alimentos In natura (carnes, ovos, verduras, frutas, legumes…) ou minimamente processados (leite pasteurizado, arroz, feijão, castanhas…), para evitar então esse e outros problemas que o consumo de alimentos ultraprocessados pode causar.

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